O Grito Silencioso da Nigéria: Cristãos Diante de uma Perseguição Brutal no Século XXI

0 0
Read Time:8 Minute, 18 Second

Amados irmãos e irmãs em Cristo,

É com o coração pesado, mas com a convicção de que a verdade precisa ser exposta, que lhes trazemos um panorama da brutal perseguição que nossos irmãos cristãos enfrentam na Nigéria, um país onde, surpreendentemente, a fé em Cristo floresce em meio a um cenário de violência inominável. Longe de ser um problema isolado, a perseguição na Nigéria é uma crise humanitária e de direitos humanos que afeta milhões, e é crucial que a Igreja global esteja ciente e engajada.

Nigéria: O Epicentro da Perseguição Cristã Global

Choca saber que, nos primeiros 220 dias de 2025, mais de 7.000 cristãos foram mortos na Nigéria, o que representa uma média alarmante de 35 mortes por dia. Este dado, divulgado pela International Society for Civil Liberties and the Rule of Law (Intersociety), ressalta uma realidade sombria: mais cristãos são mortos por sua fé na Nigéria do que no resto do mundo combinado. Desde 2009, o início da insurgência do Boko Haram, estima-se que 189.000 civis tenham sido mortos, sendo 125.000 deles cristãos.

A violência não se restringe às mortes; mais de 7.800 cristãos foram sequestrados no mesmo período de 2025. O impacto é devastador: mais de 16,2 milhões de cristãos na África Subsaariana foram expulsos de suas casas devido à violência, sendo a maioria da Nigéria, com milhões vivendo em campos de deslocados internos (IDPs). A Nigéria, de fato, é um dos lugares mais violentos para cristãos, onde a maioria dos cristãos martirizados em todo o mundo se encontra.

As Faces da Brutalidade: Relatos e Testemunhos

Os ataques são perpetrados por grupos militantes islâmicos como o Boko Haram, ISWAP (Estado Islâmico da Província da África Ocidental) e, principalmente, por extremistas Fulani, que se tornaram a maior ameaça aos cristãos na Nigéria. Estes grupos visam comunidades cristãs através de massacres, sequestros, estupros e queimas de igrejas e casas. Os Fulani, uma tribo de pastores nômades, em décadas recentes, tornaram-se bem armados com armas automáticas e agressivos contra cristãos indefesos nas áreas agrícolas do Cinturão Médio da Nigéria.

Testemunhos vívidos ilustram a intensidade dessa perseguição:

Massacre de Yelewata: Em junho de 2025, cerca de 280 cristãos foram mortos em Yelewata. Em um ataque subsequente em 13 de junho, militantes Fulani, gritando “Allahu Akbar” (“Deus é maior”), invadiram um campo de deslocados, queimaram edifícios e atacaram pessoas com armas e facões. Cerca de 200 pessoas foram mortas, e famílias inteiras foram aniquiladas, incluindo um homem, suas duas esposas e todos os seus filhos, que foram queimados vivos. As vítimas foram cristãos que se abrigavam em barracas e lojas no mercado de Yelewata.

Sequestros e Assassinatos de Líderes Cristãos: O rapto para resgate é uma tática para empobrecer famílias cristãs. Pelo menos sete padres católicos foram sequestrados só neste ano, e mais de 20 foram assassinados nos últimos anos. O Padre Sylvester Okechukwu, de 45 anos, foi brutalmente assassinado por sequestradores em sua reitoria em março de 2025. Reféns libertados relatam terem sido acorrentados, chicoteados e famintos, e muitos morreram de fome ou foram mortos quando os resgates não foram pagos. O líder da igreja, Pastor Fred Williams, que viu ataques em sua própria igreja, relata que os Fulani se tornaram mais letais que o Boko Haram, sequestrando e matando mais pessoas.

Destruição de Igrejas e Comunidades: Desde 2009, mais de 18.000 igrejas foram destruídas apenas no norte da Nigéria. Os militantes não poupam nada, destruindo meios de subsistência, como fazendas de famílias cristãs. Os Fulani não atacam para pastorear gado, mas para tomar o controle de fazendas, vilas e áreas geográficas maiores, expulsando os moradores cristãos de suas terras ancestrais.

Perseguição em Estados sob a Sharia: Nos 12 estados do norte que impõem a lei Sharia (islâmica), os cristãos enfrentam discriminação, opressão como cidadãos de segunda classe e até a imposição de regras como o fechamento de escolas cristãs para a observância do Ramadã. Aqueles que se convertem do islamismo frequentemente enfrentam rejeição familiar e ameaças de morte.

A Inação Governamental e a Percepção de Cumplicidade

Apesar da magnitude da violência, o governo nigeriano tem sido alvo de críticas severas por sua falha em proteger os cristãos e punir os agressores. Há uma percepção generalizada de que os agressores desfrutam de total impunidade, com raros casos de prisões ou julgamentos.

Resposta Lenta e Passiva: Forças de segurança frequentemente chegam após os ataques e a partida dos terroristas. Em Yelewata, o pessoal de segurança próximo não interveio durante um ataque de duas horas. Há relatos de militares afirmando não ter ordens para atacar os agressores em certas regiões. Essa passividade foi observada sob o ex-presidente Buhari e continua sob o presidente Tinubu.

Minimização da Motivação Religiosa: O governo nigeriano tem a tendência de minimizar os ataques, descrevendo-os como “confrontos comunitários” ou “crises entre agricultores e pastores”, em vez de reconhecer a dimensão religiosa da perseguição. Segundo o Pastor Fred Williams, essa narrativa é usada para “correção política e por todo tipo de agendas ocultas”, distorcendo a verdade. As fontes apontam que esses ataques são baseados na religião e que desviar a atenção disso nega o que é visto “com os próprios olhos”, sendo uma “limpeza religiosa” que precisa parar.

Desconsideração Internacional e Inação Governamental: A comunidade internacional também tem sido criticada por sua resposta. A administração Biden removeu a Nigéria da lista de “Países de Preocupação Particular” (CPC) em novembro de 2021, sem uma justificativa clara, revertendo uma designação feita pela administração Trump em dezembro de 2020. Essa decisão foi alvo de indignação por parte de líderes religiosos nigerianos e grupos de direitos humanos. O então Secretário de Estado, Antony Blinken, afirmou em depoimento ao Comitê de Apropriações da Câmara que os ataques violentos contra cristãos nigerianos “nada tinham a ver com religião”, ignorando as evidências esmagadoras em contrário, incluindo informações contidas no próprio Relatório de Liberdade Religiosa Internacional do Departamento de Estado. A teoria do Departamento de Estado na época, sob Blinken, de que os ataques Fulani aos cristãos eram devidos unicamente às mudanças climáticas, era ecoada em toda a comunidade de relações exteriores, desconsiderando as identidades religiosas dos grupos e o padrão de agressão. O então Secretário de Estado Anthony Blinken também ofereceu condolências em uma coletiva de imprensa conjunta com o Ministro das Relações Exteriores nigeriano em 23 de janeiro de 2024, após o massacre da véspera de Natal. No entanto, a desconsideração da motivação religiosa nesses ataques foi criticada. Muitos observadores, como Emeka Umeagbalasi, presidente do International Society for Civil Liberties and the Rule of Law, interpretam essa inação governamental como cumplicidade em um plano de islamização forçada.

A Resposta da Fé: Resistência e Amor em Meio à Dor

Apesar de tudo, a fé dos cristãos nigerianos permanece inabalável. O Pastor Fred Williams, que viu seu povo sofrer horrores, compartilha um testemunho poderoso de como Deus o confrontou com o ódio em seu próprio coração e o chamou a amar seus inimigos. Ele e sua equipe foram a uma vila Fulani para instalar painéis solares, um ato de amor que transformou corações e abriu portas para o evangelho. O líder Fulani, surpreso com o amor cristão, pediu que ensinassem seus 300 filhos, abrindo caminho para uma escola cristã na aldeia.

Há esperança: “O amor é mais violento do que o terror”. A reconciliação, ainda que difícil, já começou, e até mesmo entre os militantes do Boko Haram, há relatos de conversões impactantes, de ex-assassinos que agora levam o evangelho, formando uma igreja subterrânea. A perseguição, embora cause desânimo em alguns, tem o poder de aprofundar o compromisso com Cristo daqueles que permanecem focados Nele.

Como Podemos Ajudar Nossos Irmãos em Cristo?

Diante dessa realidade, somos chamados a agir:

Ore Incansavelmente: Peça a Deus conforto para os que choram, sabedoria para os líderes (para que levantem líderes de razão e boa vontade), provisão para os deslocados e que os perpetradores se arrependam e se voltem para Jesus.

Seja uma Voz para os Sem Voz: Amplifique essas histórias. Use suas plataformas para compartilhar o que está acontecendo na Nigéria, informando o mundo e pressionando por mudanças.

Apoie Organizações Como a Portas Abertas: Voluntarie-se, faça doações para projetos que fornecem treinamento, apoio pós-trauma, ajuda emergencial e projetos de geração de renda aos cristãos perseguidos.

Assine Petições: Junte-se a campanhas como a petição “Arise Africa”, que busca um milhão de assinaturas para pressionar governos locais e internacionais a protegerem os cristãos.

Aja com Amor: O Pastor Fred Williams nos lembra que não precisamos ser pastores para ser missionários; precisamos ser cristãos ativos no mercado, “pregar Cristo com ações”. Ações de amor e serviço abrem portas onde as palavras podem não ser ouvidas.

Que estas verdades nos motivem a sair da nossa zona de conforto e a viver uma fé que não é apenas sobre a música ou as luzes, mas sobre Cristo. Que a história da Nigéria nos lembre que, enquanto muitos morrem por sua fé, nós temos a oportunidade de viver e agir por ela.

Deus abençoe a Nigéria e nos capacite a ser a Sua luz em meio às trevas.

Fontes:

•Trechos de “7,000 Christians Have Been Killed in Nigeria This Year, Group Says – Newsweek

Trechos da transcrição do vídeo “7,087 Christians Massacred in Nigerian Genocide This Year Alone” carregado no canal do YouTube “CBN News

Trechos de “Africa Subcommittee Chairman Smith Delivers Opening Remarks at Hearing on Religious Persecutions in Nigeria | Republican Foreign Affairs Committee

Trechos de “Como é a perseguição aos cristãos na Nigéria? – Portas Abertas

Trechos de “Conflict and Persecution in Nigeria: The Case for a CPC Designation | Hudson Institute

Trechos de “New attacks in Nigeria leave 200+ dead · Serving Persecuted Christians Worldwide

Trechos de “Nigeria · Serving Persecuted Christians Worldwide

Trechos de “Over 200 Christian Farmers Killed Before, After Nigeria’s Democracy Day – International Christian Concern

Trechos da transcrição do vídeo “Perseguição de Cristãos na Nigéria com Fred Williams | EP 114.” carregado no canal do YouTube “Dunamis Movement

Happy
Happy
0 %
Sad
Sad
0 %
Excited
Excited
0 %
Sleepy
Sleepy
0 %
Angry
Angry
0 %
Surprise
Surprise
0 %

Average Rating

5 Star
0%
4 Star
0%
3 Star
0%
2 Star
0%
1 Star
0%

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *